domingo, 31 de janeiro de 2010

Querido Diário (Tópicos para uma semana utópica) Cazuza

Segunda-feira:
Criar a partir do feio
Enfeitar o feio
Até o feio seduzir o belo


Terça-feira:
Evitar mentiras meigas
Enfrentar taras obscuras
Amar de pau duro


Quarta-feira:
Magia acima de tudo
Drogas barbitúricos
I Ching
Seitas macabras
O irracional como aceitação do universo


Quinta-feira:
Olhar o mundo
Com a coragem do cego
Ler da tua boca as palavras
Com a atenção do surdo
Falar com os olhos e as mãos
Como fazem os mudos


Sexta-feira:
Assunto de família:
Melhor fazer as malas
E procurar uma nova
(Só as mães são felizes)


Sábado:
Não adianta desperdiçar sofrimento
Por quem não merece
É como escrever poemas no papel higiênico
E limpar o cu
Com os sentimentos mais nobres



Domingo:
Não pisar em falso
Nem nos formigueiros de domingo
Amar ensina a não ser só
Só fogos de São João no céu sem lua
Mas reparar e não pisar em falso
Nem nas moitas do metrô nos muros
E esquinas sacanas comendo a rua
Porque amar ensina a ser só
Lamente longe por favor
Chore sem fazer barulho.

Guarda os pulsos pro final, SAÍDA DE EMERGÊNCIA!

Falar?
Gritar seria melhor
Chorar!
Chorar até desidratar
Depois olhar no espelho o rosto manchado de lagrimas pretas e perceber como fui idiota por deixar tudo isso acontecer novamente Respirar fundo e afogar a dor e o sofrer em sangue, porque essa hemorragia interna mais precisamente no coração nunca será estancada a tempo
Às vezes acho que não vou conseguir suportar todo esse peso dentro de mim...
A represa se rompeu e derramará consigo todo ódio, todo rancor, toda magoa, todo sangue que eu não tive coragem de ver escorrer
Eu já não consigo olhar pro céu e convencer-me que vai ficar tudo bem... que apesar das nuvens negras sempre existirá um céu azul O vento parou de soprar e já não sinto esperança, minha fé não resistiu
...REST IN PEACE...
E agora?
O que vou fazer?
Tentar as drogas mais fortes? ...
Ou as tesouras mais amoladas?
Talvez o que fizer tudo isso parecer o menos real possível, parecer que essa dor cessou, que as lagrimas não mais pularão desesperadas pelo meu rosto distorcido pelo tempo, pelo medo, por vocês... Que vontade de correr pra longe, correr até cair, até não ter mais forças pra levantar e olhar pra trás... porque isso nunca me fez bem ... E vejo que já não sou forte o bastante pra segurar tudo isso, e não quero mais segurar tudo isso. Vou vomitar todos os sentimentos Toda a raiva de mim mesma Todo o ódio de suas mascaras e seus falsos sorrisos Toda a dor que guardei para não ter que arremessar contra vocês Toda a repulsa pelos seus abraços vazios E suas vozes cheias de cinismo e perversão ... É triste vê como nossa amizade pode se corromper pelo nosso egoísmo, é cruel saber que o fim chegou o fim de todos os sorrisos de todos os olhares e abraços sinceros... O sempre, sempre acaba, e dessa vez acabou mal. Será que existe um final feliz? Não para mim é tudo sempre trágico e sujo, talvez não tivesse que ser assim
Mas é assim que é
... Até ontem..!

O mal Incurável !


Eu podia ouvir o orgulho e o amor guerreando dentro de mim... O medo de cometer os mesmo erros novamente, o que parecia um tanto obvio, já que sempre apreciei flertar com o desastre, porém meu corpo estremecia toda vez que o via, podia correr para seus braços e ficar por horas junto a ele, sentindo seu calor, sua respiração, seus beijos e sua voz um tanto rouca cantando baixinho, músicas que embalavam o nosso amor. 
Estou doente de remorso e desespero! 
Mas pensar em ti se tornou inevitável O que diabos aconteceu comigo de repente a “femme fatale” se tornou vitima desse mal chamado amor, maldito e incurável.
Eu que tanto corri de ti, como podes me dominar dessa maneira? nem ao menos me avisou que seria sua próxima vitima. Covarde! Cruel e tão doce, um legítimo gentleman conquistador ou mesmo um velho dom Juan barato... Simples, sutil e devastador. 
Não há antídoto ou modo qualquer de eliminá-lo 
Ele vem e vai, e quando menos se espera te derruba e pisa em seu coração sem dó ou piedade... em muito pouco tempo o sonho se torna o pior pesadelo, ele é tão inconstante quanto eu ...